Nesta postagem, veremos um resumo completo de testes ortopédicos que avaliam todos os segmentos corporais. Futuramente, haverão postagens específicas sobre a avaliação de cada uma destas regiões. Também, haverão postagens sobre testes funcionais e testes utilizados no esporte, nesta postagem ficando limitado aos testes ortopédicos.
Tenha em mente que para cada região/articulação avaliada existem inúmeros testes clínicos, sendo listados os mais frequentemente utilizados. Considere também que, para uma avaliação completa, é necessário realizar uma anamnese completa e detalhada, aliada a uma observação atenta do paciente, palpação e exames complementares. Para um resumo sobre a avaliação fisioterapêutica, clique aqui.
Coluna cervical
Teste de compressão de Apley: paciente sentado, terapeuta posiciona-se atrás e exerce uma pressão contínua sobre a cabeça do paciente. Positivo se dor, desconforto ou reprodução de sintomas no membro superior.
Teste de distração de Apley: paciente sentado, terapeuta posiciona-se atrás, com uma das mãos no queixo e outra abaixo do ocipital, então realiza uma força para cima, tracionando superiormente a cervical. O teste é positivo se o paciente relatar alívio dos sintomas (dor, desconforto ou parestesia são os mais comuns).
Teste de Spurling: paciente sentado, com a cervical inclinada lateralmente. Terapeuta posiciona as duas mãos entrelaçadas no topo da cabeça do paciente e exerce pressão inferior. Teste positivo se houver reprodução de sintomas, como dor irradiada para o membro superior, desconforto ou parestesia.
Teste da artéria vértebro-basilar: paciente deitado na maca, com a cabeça para fora. Terapeuta segura a cabeça do paciente em extensão, inclinação e rotação por cerca de trinta segundos. Se o paciente relatar vertigem, tontura, embaralhamento da visão ou náusea, o teste é positivo, indicando redução do fluxo de sangue.
Teste de Valsalva (manobra de Valsalva): paciente sentado com os pés apoiados no chão, tronco levemente inclinado à frente, inspira profundamente e na expiração segura o nariz (fazendo força para soltar o ar, mas sem soltar), juntamente com uma força semelhante à de evacuação. Este teste aumenta a pressão intratecal, podendo reproduzir sintomas de dor do paciente, não apenas na cervical, mas também na coluna lombar, abdôme e pelve.
Importante: relacionar as informações obtidas nos testes com o histórico do paciente, para identificar a causa dos sintomas. Dor durante os testes pode ser causado por causa neurológica, como hérnia discal com compressão medular ou de raiz nervosa; pelo aumento de pressão nos espaços articulares das vértebras (uncoartrose,osteofitose) ou por espamos musculares.
Coluna lombar
Teste de elevação da perna reta (Teste de Laségue): paciente em decúbito dorsal, com os membros inferiores estendidos. O terapeuta então eleva lentamente uma das pernas do paciente, com a mão distal segurando o pé. Dorsiflexão deve ser usada como sensibilização do teste. Positivo em caso de reprodução dos sintomas de dor irradiada pelo miótomo do nervo ciático. Falso positivo pode acontecer se o paciente tiver encurtamento dos isquiotibiais, neste caso irá relatar dor apenas na região posterior da coxa.
Teste de Patrick-Fabere: testa sintomas na região sacroilíaca. Paciente em decúbito dorsal, terapeuta coloca um dos pés no joelho oposto (de força que o quadril fique rodado externo, flexionado e abduzido) e aplica pressão sobre o joelho que está flexionado e sobre a crista ilíaca contralateral.
Teste de Slump: variação do teste de elevação da perna reta. Busca tensão neural posterior.
Teste de Schober: com o paciente em pé, fazer uma linha marcando entre as espinhas ilíacas póstero-superiores e outra linha 10cm acima. Pedir para o paciente flexionar o tronco o máximo possível e medir novamente. Se o resultado for maior do que 15cm, há boa mobilidade.
Ombro
Teste de Jobe: paciente em pé, o terapeuta solicita a realização de uma flexão e abdução de 30º
de membros superiores e uma rotação interna, apontando os polegares
para o chão (lata vazia). O terapeuta impõe uma resistência com ambas às
mãos na altura do cotovelo do paciente e pede que o mesmo realize uma
flexão contra a resistência. Positivo se dor na região do tendão do músculo supraespinal.
Teste de Patte: paciente em pé, com o ombro a ser testado abduzido a 90º e rodado externamente (mão para cima). Terapeuta solicita rotação interna aplicando resistência no punho do paciente. Positivo se houver dor na região do ombro ou antero-lateral do antebraço, indicando lesão do músculo infraespinal.
Teste de Speed: testa lesão no tendão do bíceps. Paciente em pé, na posição anatômica, realiza flexão de ombro com resistência do terapeuta na altura do punho. Positivo se houver dor.
Teste de Gerber: paciente em pé, realiza uma adução e rotação interna do membro a ser testado (colocar a mão nas costas), e então afastar a mão para trás. Teste positivo se houver dor ou incapacidade para realizar o movimento, indicando possível lesão do músculo subescapular.
Teste de queda do braço: paciente em pé, ombro abduzido a 90º (terapeuta pode ajudar a chegar nessa posição) realiza adução lenta do ombro (contração excêntrica dos abdutores). Teste positivo se o paciente não conseguir descer o braço lentamente, deixando o braço cair, indicando fraqueza dos músculos do manguito rotador, em especial o supraespinal.
Discinese escapular (3 tipos):
Tipo I ou inferior: O ângulo inferior da escápula encontra-se levantado, como resultado da inclinação anterior da escápula no plano sagital. Este é o padrão mais comum em pacientes com disfunção do manguito rotador.
Tipo 2 ou medial: Toda a borda escapular medial torna-se proeminente, devido à rotação interna da escápula no plano transversal. Este tipo é mais comum em pacientes com histórico de instabilidade / luxação recidivante do ombro.
Tipo 3 ou superior. Caracterizado por elevação excessiva e precoce da escápula durante a elevação do ombro.
Cotovelo
Tendinite de tríceps: dor na extensão resistida e/ou na flexão passiva do cotovelo.
Teste de Conzen: epicondilite lateral. O teste é realizado com o cotovelo fletido em 90º e o antebraço em
pronação. Pede-se ao paciente que faça extensão ativa do punho, contra a
resitência do examinador. O teste será positivo quando o paciente referir dor no epicôndilo
lateral, onde se insere a musculatura extensora do punho e dos dedos.
Teste de Mill: epicondilite medial. Paciente sentado, com o cotovelo em extensão e punho cerrado em posição neutra. O terapeuta forçará o punho do paciente em flexão, enquanto o mesmo tenta impedir realizando o movimento em extensão do punho.
Punho
Teste de Filkenstein: tenossinovite de DeQuervain.
Teste de Phalen ou Phalen reverso: síndrome do túnel do carpo.
Teste de Tinel: síndrome do túnel do carpo.
Quadril
Trendelemburg: paciente em pé, retira um pé do solo, ficando em apoio unipodal. Teste positivo se a pelve inclinar ipsilateralmente, indicando fraqueza de glúteo médio do lado oposto.
Teste de Ober: paciente em decúbito lateral, terapeuta posicionado atrás, segura o membro inferior do paciente, realizando flexão de joelho, abdução e extensão do quadril. Teste positivo se o paciente referir dor, indicando contratura do trato iliotibial.
Teste de Thomas: testa encurtamento do músculo Íliopsoas.
Teste de Ely-Duncan: testa encurtamento de reto femoral.
Teste do ângulo poplíteo: membro a ser avaliado em 90º de flexão do quadril, com extensão de joelho até o limite e perna contralateral estabilizada. Normal se ângulo de flexão do joelho for de até 20º.
Joelho
Testes de gaveta (anterior e posterior): se positivos, indicam lesão de LCA/LCP.
Teste de Lachmann: semelhante ao de gaveta, indica lesão dos ligamentos cruzados do joelho.
Teste de Appley: paciente em decúbito dorsal, joelho flexionado a 90º, terapeuta aplica pressão sobre os meniscos, na posição neutra, em rotação interna (menisco medial) e em rotação externa (menisco lateral). Positivo se houver dor.
Teste de McMurray: paciente em decúbito dorsal, terapeuta realiza flexão de quadril e joelho até 90º e realiza rotações mediais e laterais do joelho, cisalhando os meniscos. Positivo se houver dor, indicando lesão meniscal.
Teste de Jump: positivo indica lesão de ligamento cruzado anterior.
Tornozelo
Testes de gaveta anterior e posterior: no teste da gaveta anterior para testar a integralidade do ligamento
talofibular anterior e a porção ântero-lateral da cápsula articular, o
terapeuta, segura firmemente com uma mão a tíbia e com a outra mão
exerce uma tração anterior no nível de calcâneo e observa o grau de
deslocamento. Para a realização do teste da gaveta posterior para testar
a integralidade do ligamento talofibular posterior e porção posterior
da cápsula articular, o mesmo procedimento deverá ser efetuado, mas
agora a mão empurra o tálus no sentido posterior, mantendo com a outra
mão a estabilidade da tíbia.
Teste de varo e valgo do tornozelo: o terapeuta segura firmemente com uma das mãos a tíbia do paciente e com
a outra mão exerce estresse em varo para testar a integralidade do
ligamento calcâneo-fibular e a cápsula lateral do tornozelo. Para testar
a integralidade do ligamento deltóide o terapeuta inverte a colocação
das mãos exercendo agora um estresse em valgo.
A lesão do ligamento deltóide é mais rara do que a lesão dos
ligamentos laterais (1:4), no entanto, a lesão do ligamento deltóide
poderá vir acompanhada freqüentemente de uma avulsão óssea.