Para completar uma avaliação musculoesquelética de um paciente, é importante realizar um exame sistemático e minucioso. Em uma avaliação completa deve constar:
- Histórico do paciente;
- Observação;
- Exame do movimento;
- Testes especiais;
- Reflexos e distribuição cutânea;
- Movimentos do jogo articular;
- Palpação;
- Imageamento diagnóstico e exames complementares.
Segundo Magee (2002), a avaliação deve responder às seguintes perguntas:
1.
Qual a idade do paciente? Muitas condições
patológicas estão relacionadas com a idade.
2.
Qual a ocupação do paciente? Trabalha fazendo
força, ou de forma sedentária?
3.
Por que o paciente procurou ajuda? Queixa
principal.
4.
Houve algum macrotrauma ou microtrauma? Qual foi
o mecanismo da lesão (se há)?
5.
O início do problema foi lento ou súbito?
6.
Em que parte do corpo se localizam os sintomas?
Pedir para o paciente apontar. O paciente aponta um local específico, ou uma
área mais geral?
7.
Onde se localizava a dor ou outro sintoma quando
o paciente o sentiu pela primeira vez? A dor moveu-se ou espalhou-se?
8.
Quais são os movimentos ou atividades que causam
dor?
9.
Há quanto tempo existe o problema?
10.
O problema já tinha ocorrido antes?
11.
A intensidade, duração e/ou frequência dos
sintomas estão aumentando ou diminuindo?
12.
A dor é constante, periódica, episódica ou
ocasional? O paciente está sentindo neste momento?
13.
A dor associa-se com atividade ou repouso? Com
certas posturas? Com função visceral?
14.
Que tipo ou qualidade de dor é exibida?
15.
Que tipo de sensações o paciente experimenta, e
onde sente as sensações anormais?
16.
Uma articulação exibe travamento (bloqueio), desbloqueio,
pontadas, instabilidade ou cede?
17.
O paciente apresenta quaisquer sintomas
bilaterais da medula espinal, desmaio ou ataques de queda? A função vesical é
normal? Há comprometimento neurológico “em sela” ou vertigem?
18.
Há alterações de cor?
19.
O paciente tem passado por estresses pessoais ou
econômicos?
20.
O paciente tem alguma enfermidade sistêmica
crônica ou séria que possa influenciar a evolução da patologia ou do
tratamento?
21.
Há alguma coisa na história familiar, como
tumores, artrite, doença cardíaca, diabetes mellitus ou alergias?
22.
O paciente fez exames radiográficos ou outras
técnicas de imagem? Exposição excessiva a raios X deve ser considerada.
23.
O paciente esteve recebendo esteroides?
24.
O paciente esteve recebendo alguma medicação?
Incluir formulações vendidas livremente, como analgésicos e pílulas
anticoncepcionais.
25.
O paciente tem histórico de cirurgia?
A fase de observação deve responder às seguintes perguntas:
1.
Como está o alinhamento corporal?
2.
Há qualquer deformidade óbvia?
3.
Os contornos ósseos do corpo são normais e
simétricos, ou há um desvio óbvio?
4.
Os contornos dos tecidos moles (músculos, pele,
gordura) são normais e simétricos? Há alguma atrofia muscular óbvia?
5.
As posições dos membros são iguais e simétricas?
6.
Como está a marcha? Há claudicação? De que tipo?
O paciente utiliza dispositivo auxiliar de marcha?
7.
O paciente faz uso de órteses e/ou próteses?
8.
A cor e a textura da pele são normais? A
aparência da pele difere na área de dor ou sintomas, em comparação com o resto
do corpo?
9.
Há quaisquer cicatrizes que indiquem lesão ou
cirurgia recente? Se sim, qual a cor da cicatriz? Há formação de queloide?
10.
Há qualquer crepitação, estalos ou sons anormais
nas articulações quando o paciente as move?
11.
Há qualquer calor, rubor ou edema? São sinais de
inflamação.
12.
Qual a atitude do paciente para com a condição e
com o examinador?
13.
Qual a expressão facial do paciente?
14.
O paciente parece disposto a movimentar-se? Os
padrões de movimentos são anormais? O paciente tem cinesiofobia?
Achados
“Bandeiras vermelhas” no histórico do paciente que indicam a necessidade de
encaminhamento
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Oncológicos
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Dor persistente à noite; Dor constante em qualquer lugar do corpo;
Perda inexplicada de peso;
Perda de apetite;
Nódulos ou tumorações incomuns;
Fadiga injustificada;
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Cardiovasculares
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Falta de ar;
Tontura;
Dor ou sensação de peso no tórax;
Dor pulsátil em qualquer lugar do corpo;
Dor constante e intensa na perna (panturrilha) ou braço;
Pés com alteração de cor ou dolorosos;
Edema (sem histórico de trauma);
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Gastrointestinais/genitourinários
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Dor abdominal frequente ou intensa;
Azia ou indigestão frequentes;
Alteração ou problemas com a função vesical;
Irregularidades menstruais incomuns;
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Diversos
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Febre ou suores noturnos;
Perturbações emocionais graves recentes;
Edema ou rubor em qualquer articulação sem histórico de trauma;
Gravidez;
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Neurológicos
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Alterações na audição (hiperacusia, hipoacusia);
Cefaléias frequentes ou graves sem histórico de trauma;
Problemas de deglutição ou alterações na fala;
Alterações na visão;
Problemas de equilíbrio, coordenação ou queda;
Desmaios;
Fraqueza súbita;
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Fonte: Stith, Sahrmann e Norton (1995)
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Descrições
da dor e estruturas relacionadas
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Tipos de dor
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Estrutura
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Cãibra, indistinta, contínua
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Músculo
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Aguda, em tiro
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Raiz nervosa
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Aguda, viva, como um relâmpago
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Nervo
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Ardente, pressionando, ferroando, contínua
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Nervo simpático
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Profunda, inoportuna, indistinta
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Osso
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Nítida, intensa, intolerável
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Fratura
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Latejante, difusa
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Vasculatura
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Fonte: Magee, 2002
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Funcionalmente, a dor pode ser divida em 7 níveis:
- Nível 1: Dor após atividade específica;
- Nível 2: Dor após atividade específica que desaparece com o aquecimento;
- Nível 3: Dor durante e após atividade específica que não afeta o desempenho;
- Nível 4: Dor durante e após atividade específica que afeta o desempenho;
- Nível 5: Dor com atividades de vida diária (AVDs);
- Nível 6: Dor surda constante em repouso que não perturba o sono;
- Nível 7: Dor surda constante que perturba o sono.
Em relação à quanto tempo a dor está presente, é importante determinar se a dor é aguda, subaguda, crônica ou crônica agudizada.
- Dor aguda: entre 0 e 4 semanas desde o início do sintoma;
- Dor subaguda: entre 4 e 12 semanas desde o início dos sintomas;
- Dor crônica: mais de 12 semanas (3 meses) desde o início dos sintomas;
- Dor crônica agudizada:quando ocorre uma exacerbação aguda da dor crônica já existente. Neste caso, normalmente o tecido acometido foi novamente estressado.
Na fase de exame, é importante considerar a classificação da dor em relação ao tempo, para se ter ideia do quão vigorosamente o terapeuta poderá examinar este paciente. Um exame completo pode não ser possível em condições agudas.
Miótomos
- C1/C2: flexão e extensão cervical;
- C3: inclinação lateral da cervical;
- C4: flexão do ombro;
- C5: abdução do ombro / flexão do cotovelo;
- C6: extensão do punho;
- C7: flexão do cotovelo, extensão do punho, extensão de dedos;
- C8: flexão dos dedos;
- T1: abdução de dedos;
- L2: flexão do quadril;
- L3: extensão do joelho;
- L4: dorsiflexão do tornozelo;
- L5: extensão do hálux;
- S1: plantiflexão do tornozelo, eversão do tornozelo e extensão do quadril;
- S2: flexão do joelho;
- S3/S4: contração do esfíncter anal.
Dermátomos
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Dermátomos. Fonte: KenHub
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- V1 Nervo oftálmico – Parte superior da face;
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V2 Nervo maxilar – Parte média da face;
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V3 Nervo mandibular – Parte inferior da face;
- C2 – Protuberância occipital;
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C3 – Fossa supraclavicular;
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C4 – Articulação acromioclavicular;
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C5 – Fossa antecubital lateral;
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C6 - Polegar;
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C7 – Dedo médio;
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C8 – Dedo mínimo;
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T1 – Fossa antecubital medial;
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T2 – Ápice da axila;
- L1 – Parte antero-superior da coxa;
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L2 – Parte anterior média da coxa;
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L3 – Côndilo femoral medial;
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L4 – Maléolo medial;
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L5 – Dorso da terceira articulação metacarpal;
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S1 – Calcanhar lateral;
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S2 – Fossa poplítea;
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S3 – Tuberosidade isquiática;
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S5 – Área perianal;
Sinais e sintomas de inflamação:
- Dor;
- Aumento de temperatura;
- Rubor;
- Edema;
- Perda de função.
Referências:
- MAGEE, D. J.; Avaliação musculoesquelética; Editora Manole, 1ª edição brasileira - 2002.
- STITH, J. S.; SAHRMANN, S. A.; DIXON, K. K.; NORTON, B. J.; Curriculum to prepare diagnosticians in physical therapy; J. Phys. Ther. Educ, 9:50, 1995.