quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Resumo de testes ortopédicos

Nesta postagem, veremos um resumo completo de testes ortopédicos que avaliam todos os segmentos corporais. Futuramente, haverão postagens específicas sobre a avaliação de cada uma destas regiões. Também, haverão postagens sobre testes funcionais e testes utilizados no esporte, nesta postagem ficando limitado aos testes ortopédicos.

Tenha em mente que para cada região/articulação avaliada existem inúmeros testes clínicos, sendo listados os mais frequentemente utilizados. Considere também que, para uma avaliação completa, é necessário realizar uma anamnese completa e detalhada, aliada a uma observação atenta do paciente, palpação e exames complementares. Para um resumo sobre a avaliação fisioterapêutica, clique aqui.


Coluna cervical

Teste de compressão de Apley: paciente sentado, terapeuta posiciona-se atrás e exerce uma pressão contínua sobre a cabeça do paciente. Positivo se dor, desconforto ou reprodução de sintomas no membro superior.

Teste de distração de Apley: paciente sentado, terapeuta posiciona-se atrás, com uma das mãos no queixo e outra abaixo do ocipital, então realiza uma força para cima, tracionando superiormente a cervical. O teste é positivo se o paciente relatar alívio dos sintomas (dor, desconforto ou parestesia são os mais comuns).

Teste de Spurling: paciente sentado, com a cervical inclinada lateralmente. Terapeuta posiciona as duas mãos entrelaçadas no topo da cabeça do paciente e exerce pressão inferior. Teste positivo se houver reprodução de sintomas, como dor irradiada para o membro superior, desconforto ou parestesia.
 
Teste da artéria vértebro-basilar: paciente deitado na maca, com a cabeça para fora. Terapeuta segura a cabeça do paciente em extensão, inclinação e rotação por cerca de trinta segundos. Se o paciente relatar vertigem, tontura, embaralhamento da visão ou náusea, o teste é positivo, indicando redução do fluxo de sangue.
 
Teste de Valsalva (manobra de Valsalva): paciente sentado com os pés apoiados no chão, tronco levemente inclinado à frente, inspira profundamente e na expiração segura o nariz (fazendo força para soltar o ar, mas sem soltar), juntamente com uma força semelhante à de evacuação. Este teste aumenta a pressão intratecal, podendo reproduzir sintomas de dor do paciente, não apenas na cervical, mas também na coluna lombar, abdôme e pelve.

Importante: relacionar as informações obtidas nos testes com o histórico do paciente, para identificar a causa dos sintomas. Dor durante os testes pode ser causado por causa neurológica, como hérnia discal com compressão medular ou de raiz nervosa; pelo aumento de pressão nos espaços articulares das vértebras (uncoartrose,osteofitose) ou por espamos musculares.


Coluna lombar

Teste de elevação da perna reta (Teste de Laségue): paciente em decúbito dorsal, com os membros inferiores estendidos. O terapeuta então eleva lentamente uma das pernas do paciente, com a mão distal segurando o pé. Dorsiflexão deve ser usada como sensibilização do teste. Positivo em caso de reprodução dos sintomas de dor irradiada pelo miótomo do nervo ciático. Falso positivo pode acontecer se o paciente tiver encurtamento dos isquiotibiais, neste caso irá relatar dor apenas na região posterior da coxa.

Teste de Patrick-Fabere: testa sintomas na região sacroilíaca. Paciente em decúbito dorsal, terapeuta coloca um dos pés no joelho oposto (de força que o quadril fique rodado externo, flexionado e abduzido) e aplica pressão sobre o joelho que está flexionado e sobre a crista ilíaca contralateral.

Teste de Slump: variação do teste de elevação da perna reta. Busca tensão neural posterior.

Teste de Schober: com o paciente em pé, fazer uma linha marcando entre as espinhas ilíacas póstero-superiores e outra linha 10cm acima. Pedir para o paciente flexionar o tronco o máximo possível e medir novamente. Se o resultado for maior do que 15cm, há boa mobilidade.

Ombro

Teste de Jobe: paciente em pé, o terapeuta solicita a realização de uma flexão e abdução de 30º de membros superiores e uma rotação interna, apontando os polegares para o chão (lata vazia). O terapeuta impõe uma resistência com ambas às mãos na altura do cotovelo do paciente e pede que o mesmo realize uma flexão contra a resistência. Positivo se dor na região do tendão do músculo supraespinal.

Teste de Patte: paciente em pé, com o ombro a ser testado abduzido a 90º e rodado externamente (mão para cima). Terapeuta solicita rotação interna aplicando resistência no punho do paciente. Positivo se houver dor na região do ombro ou antero-lateral do antebraço, indicando lesão do músculo infraespinal.

Teste de Speed: testa lesão no tendão do bíceps. Paciente em pé, na posição anatômica, realiza flexão de ombro com resistência do terapeuta na altura do punho. Positivo se houver dor.

Teste de Gerber: paciente em pé, realiza uma adução e rotação interna do membro a ser testado (colocar a mão nas costas), e então afastar a mão para trás. Teste positivo se houver dor ou incapacidade para realizar o movimento, indicando possível lesão do músculo subescapular.

Teste de queda do braço: paciente em pé, ombro abduzido a 90º (terapeuta pode ajudar a chegar nessa posição) realiza adução lenta do ombro (contração excêntrica dos abdutores). Teste positivo se o paciente não conseguir descer o braço lentamente, deixando o braço cair, indicando fraqueza dos músculos do manguito rotador, em especial o supraespinal.
 

Discinese escapular (3 tipos):  

  • Tipo I ou inferior: O ângulo inferior da escápula encontra-se levantado, como resultado da inclinação anterior da escápula no plano sagital. Este é o padrão mais comum em pacientes com disfunção do manguito rotador.

  • Tipo 2 ou medial: Toda a borda escapular medial torna-se proeminente, devido à rotação interna da escápula no plano transversal. Este tipo é mais comum em pacientes com histórico de instabilidade / luxação recidivante do ombro.

  • Tipo 3 ou superior. Caracterizado por elevação excessiva e precoce da escápula durante a elevação do ombro.





Cotovelo

Tendinite de tríceps: dor na extensão resistida e/ou na flexão passiva do cotovelo.
 
Teste de Conzen: epicondilite lateral. O teste é realizado com o cotovelo fletido em 90º e o antebraço em pronação. Pede-se ao paciente que faça extensão ativa do punho, contra a resitência do examinador. O teste será positivo quando o paciente referir dor no epicôndilo lateral, onde se insere a musculatura extensora do punho e dos dedos.
 
Teste de Mill: epicondilite medial. Paciente sentado, com o cotovelo em extensão e punho cerrado em posição neutra. O terapeuta forçará o punho do paciente em flexão, enquanto o mesmo tenta impedir realizando o movimento em extensão do punho.
 
 

Punho 

Teste de Filkenstein: tenossinovite de DeQuervain.
 
Teste de Phalen ou Phalen reverso: síndrome do túnel do carpo.
 
Teste de Tinel: síndrome do túnel do carpo.
 

Quadril


 
 
Trendelemburg: paciente em pé, retira um pé do solo, ficando em apoio unipodal. Teste positivo se a pelve inclinar ipsilateralmente, indicando fraqueza de glúteo médio do lado oposto.

Teste de Ober: paciente em decúbito lateral, terapeuta posicionado atrás, segura o membro inferior do paciente, realizando flexão de joelho, abdução e extensão do quadril. Teste positivo se o paciente referir dor, indicando contratura do trato iliotibial.

Teste de Thomas: testa encurtamento do músculo Íliopsoas.

Teste de Ely-Duncan: testa encurtamento de reto femoral. 

Teste do ângulo poplíteo: membro a ser avaliado em 90º de flexão do quadril, com extensão de joelho até o limite e perna contralateral estabilizada. Normal se ângulo de flexão do joelho for de até 20º.


Joelho

Testes de gaveta (anterior e posterior): se positivos, indicam lesão de LCA/LCP. 

Teste de Lachmann: semelhante ao de gaveta, indica lesão dos ligamentos cruzados do joelho.

Teste de Appley: paciente em decúbito dorsal, joelho flexionado a 90º, terapeuta aplica pressão sobre os meniscos, na posição neutra, em rotação interna (menisco medial) e em rotação externa (menisco lateral). Positivo se houver dor. 

Teste de McMurray: paciente em decúbito dorsal, terapeuta realiza flexão de quadril e joelho até 90º e realiza rotações mediais e laterais do joelho, cisalhando os meniscos. Positivo se houver dor, indicando lesão meniscal.

Teste de Jump: positivo indica lesão de ligamento cruzado anterior.



Tornozelo

Testes de gaveta anterior e posterior: no teste da gaveta anterior para testar a integralidade do ligamento talofibular anterior e a porção ântero-lateral da cápsula articular, o terapeuta, segura firmemente com uma mão a tíbia e com a outra mão exerce uma tração anterior no nível de calcâneo e observa o grau de deslocamento. Para a realização do teste da gaveta posterior para testar a integralidade do ligamento talofibular posterior e porção posterior da cápsula articular, o mesmo procedimento deverá ser efetuado, mas agora a mão empurra o tálus no sentido posterior, mantendo com a outra mão a estabilidade da tíbia.
 
Teste de varo e valgo do tornozelo: o terapeuta segura firmemente com uma das mãos a tíbia do paciente e com a outra mão exerce estresse em varo para testar a integralidade do ligamento calcâneo-fibular e a cápsula lateral do tornozelo. Para testar a integralidade do ligamento deltóide o terapeuta inverte a colocação das mãos exercendo agora um estresse em valgo. A lesão do ligamento deltóide é mais rara do que a lesão dos ligamentos laterais (1:4), no entanto, a lesão do ligamento deltóide poderá vir acompanhada freqüentemente de uma avulsão óssea.

terça-feira, 6 de outubro de 2020

História e legislação da saúde no Brasil

Nesta postagem, procuro abordar de forma resumida a história da saúde no Brasil, desde a época da colonização até os dias de hoje, resumindo de forma esquemática a saúde na constituição federal. 
 
Boa leitura.
 

História da saúde no Brasil

Brasil colônia (1500 - 1815)

Antes da chegada dos navios europeus ao Brasil, o território era ocupado unicamente por povos indígenas que já tinham algumas enfermidades, mas a colonização portuguesa trouxe diversas outras doenças comuns na Europa que não existiam por aqui. Isso causou um grande problema de saúde entre a população, já que os nativos não tinham imunidade para combater determinadas enfermidades. Como consequência, milhares deles morreram.
 
Na época do Brasil colonial, havia pouca preocupação com a saúde dos brasileiros por parte do governo de Portugal. Para os índios, a saúde era de responsabilidade dos pajés, ou curandeiros. Haviam os boticários, que fabricavam medicamentos. A maior parte da assistência à saúde ficava sob responsabilidade dos padres jesuítas, que estudavam a flora brasileira e produziam remédios naturais, além de construirem hospitais para atendimento à população. No geral, foram eles que trataram as grandes epidemias que assolaram o Brasil nesta época. Havia escassez de médicos, que vinham de Portugal. Os medicamentos produzidos na Europa vinham transportados em navios, e podiam levar meses para chegar, custando um alto preço.
 

 

Brasil imperial (1822 - 1889)

Com a vinda da família imperial para o Brasil,em 1808, o Brasil passou a receber maior investimento em infraestrutura, com a criação de faculdades de medicina e do instituto vacínico do império, para vacinar os brasileiros contra a varíola. Entre os instrumentos de política de saúde pública, a vacina ocupa, por certo, um lugar de destaque (PORTO; POTE; 2003).

Profissionais começaram a se graduar no Brasil, substituindo médicos estrangeiros. A Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro e o Colégio Médico-Cirúrgico no Real Hospital Militar de Salvador foram pioneiros no período.
 
Leia mais sobre:
 

Brasil república (1889 - presente)


 
No início deste período, o fato histórico mais marcante foi a revolta da vacina, ocorrida em novembro 1904, sob o governo do presidente Rodrigues Alves (que morreu de gripe espanhola em 1918). O presidente determinou que toda a população deveria ser vacinada contra a varíola, por meio da lei 1261/1904 (lei da vacinação obrigatória)  mas por uma falha de comunicação e educação em saúde, a população não acolheu a ideia, imaginando que a vacina era feita para matar as pessoas. Então, passaram a resistir e a lutar contra os soldados que eram enviados para aplicar a vacina, gerando caos na cidade do Rio de Janeiro.

Entre 1966 e 1973, o houve nova campanha vacinação no Brasil, vacinando mais de 80 milhões de pessoas, esta se deu no âmbito do Programa de Erradicação da Varíola da Organização Mundial da Saúde, que foi considerada erradicada em 1980 (HOCHMAN, 2011). 

Além da varíola, houveram também campanhas de vacinação contra febre amarela, tuberculose e poliomielite que também foram marcantes.
 

Epidemia de gripe espanhola 

Entre 1918 e 1920 ocorreu a que foi considerada a epidemia mais mortal da história, matando mais de 50 milhões de pessoas, sendo 35 mil brasileiros (a população do Brasil era de 30 milhões na época). Entre os mortos, incluía-se Rodrigues Alves, que havia sido presidente do país entre 1902 e 1906 e havia sido reeleito em 1918. Com sua morte, assume seu vice Delfim Moreira.  
 
De acordo com os historiadores, as autoridades brasileiras da época demoraram a agir: medidas de prevenção e de distanciamento social só foram tomadas quando a pandemia já acometera grande parte do país. Dados da Fiocruz indicam que entre outubro e dezembro de 1918, período oficialmente reconhecido como pandêmico, 65% da população adoeceu.
 
Segundo relatos de cidadãos da época, o medo de sair nas ruas e ser contaminado era tão grande que os corpos dos mortos permaneciam por dias ou até semanas nas ruas. Grande parte das vítimas da Gripe Espanhola foram enterradas como indigentes e em valas coletivas (Revista Galileu).
 

Participação do Brasil nas grandes guerras mundiais 

O Brasil teve uma participação modesta na primeira guerra mundial (1914-1918), já que não possuía grandes recursos bélicos. Assim sendo, o país limitou-se a fornecer apoio pontual, em colaboração nos combates aéreos e marítimos, bem como no auxílio aos feridos nos campos de batalha. 

O Brasil entra na segunda guerra mundial em 1942, sob o governo do presidente Getúlio Vargas. Nosso país enviou cerca de 25 mil homens da Força Expedicionária Brasileira (FEB), e 42 pilotos e 400 homens de apoio da Força Aérea Brasileira (FAB).
 
Nestas duas participações em grandes guerras, houve a morte de milhares de brasileiros, e mais milhares retornaram com ferimentos e incapacidades, sendo fator importante a ser considerado no contexto da saúde. 

O início da previdência social

Em 1923,sob o governo do presidente Eloy Chaves,  foi estabelecida a lei Eloy Chaves, considerada o "embrião" da previdência social, e que instituía as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs), que eram como uma poupança para cada profissão organizada pelas empresas, tendo sido criada primeiramente a CAP dos ferroviários e a CAP dos trabalhadores marítimos. 

Em 1930, sob o governo de Getúlio Vargas, o governo assume esta responsabilidade, no intuito de centralizar a gestão da saúde, sendo criado o Ministério da Educação e Saúde na constituição de 1934, criando os Institutos de aposentadorias e pensões (IAPs), que foram fundidos em 1966, dando origem ao Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), englobando todos os empregos de carteira assinada (CLT, 1943) oferecendo atendimento hospitalar e serviços de assistência médica para todos os trabalhadores. Em 1974, foi criado o Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS), para atender a segurados do INPS. Nesta época, quem não era trabalhador de carteira assinada, não tinha direito à assistência em saúde fornecida pelo governo, devendo procurar atendimento nas santas casas de misericórdia, que existiam no Brasil desde 1539, ainda no período colonial, sendo de responsabilidade de missionários da igreja católica.
 
No período entre a lei Eloy Chaves e a ditadura militar, ocorria a chamada dicotomia da saúde: o estado era responsável pela prevenção e a previdência pela assistência à saúde.

Santa Casa de Misericórdia de Olinda, o primeiro hospital do Brasil

 

A criação do SUS

Em 1937, é realizada a primeira conferência nacional de saúde, dando início a um debate periódico e sistemático sobre a saúde no país. Em 1953 é criado o Ministério da Saúde, com o objetivo de definir políticas públicas de saúde e melhorar o atendimento em zonas rurais. No início da década de 1970, no contexto de oposição à ditadura militar, ocorre o Movimento da Reforma Sanitária, expressão usada para se referir ao conjunto de ideias que se tinha em relação às mudanças e transformações necessárias na área da saúde. Em 1974, é criado o Instituto Nacional de Assistência à Saúde da Previdência Social, que foi extinto em 1993. 

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Em 1986, ocorre a oitava conferência nacional de saúde, momento marcante para a criação do SUS. Estabeleceu diretrizes para a criação de um sistema único e descentralizado, e estabeleceu o conceito de saúde como um direito de todos e dever do estado. Clique aqui para ler o relatório final da 8ª CNS.

Em 1986, é então criado o Sistema Único Descentralizado de Saúde (SUDS), que viria a se tornar o SUS a partir da constituição de 1988. A saúde aparece na CF nos artigos 196 a 200.

Saúde na Constituição Federal de 1988:
  • Art. 196: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 
  • Art. 197: São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado
  • Art. 198: Ações e serviços de saúde, regulamentação, fiscalização e controle.
  • Art. 199: A assistência a saúde é livre a iniciativa privada.
  • Art. 200: Competências do SUS: controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias; vigilância sanitária, epidemiológica e de saúde do trabalhador. 

 

Legislação do SUS 

A partir da constituição de 1988, estava criado o Sistema Único de Saúde, o SUS, oficializado pela Lei 8.080/90 (lei orgânica da saúde). Em virtude dos vetos presidenciais, foi promulgada a Lei 8.142/90, que descrevia a participação popular e a captação de recursos para a saúde. O decreto 7.508/2011 dispõe sobre a organização do SUS, o planejamento em saúde e a assistência à saúde.

Em resumo, o SUS foi criado na Constituição Federal de 1988, oficializado pela Lei 8.080/90, complementado pela Lei 8.142/90 e regulamentado pelo Decreto 7508/2011.

Outras leis importantes:

  • Portaria nº 793/2012: institui a rede de cuidados à pessoa com deficiência no SUS.
  • Portaria nº 2.436/2017: política nacional de atenção básica.
  • Portaria nº 4.279/2010: diretrizes para organização da rede de atenção à saúde no SUS.
  • Constituição Federal Art. 194: A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
  • Constituição Federal Art. 195: A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais. 

 

Panorama atual 

O SUS é uma grande conquista do povo brasileiro e segue representando papel importante na promoção, prevenção e assistência à saúde, tornando-se inclusive modelo para outros países. Enfrenta constantes desafios, principalmente no que se refere ao financiamento e gerenciamento e a dificuldade de suprir a demanda de atendimentos em centros de nível secundário e terciário.

Referências:

  • HOCHMAN, G.; Vacinação, varíola e uma cultura de imunização no Brasil; Ciênc. saúde coletiva vol.16 no.2 Rio de Janeiro Feb. 2011.
  • PORTO, A., PONTE, C. F.; Vacinas e campanhas: as imagens de uma história a ser contada; Hist. cienc. saude-Manguinhos vol.10  suppl.2 Rio de Janeiro  2003.
  • GALILEU; 7 fatos sobre a gripe espanhola no Brasil; Redação Galileu, Atualizado em
 
 

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Avaliação fisioterapêutica

 

 

 

Para completar uma avaliação musculoesquelética de um paciente, é importante realizar um exame sistemático e minucioso. Em uma avaliação completa deve constar:

  • Histórico do paciente;
  • Observação;
  • Exame do movimento;
  • Testes especiais;
  • Reflexos e distribuição cutânea;
  • Movimentos do jogo articular;
  • Palpação;
  • Imageamento diagnóstico e exames complementares.

 Segundo Magee (2002), a avaliação deve responder às seguintes perguntas:

1.       Qual a idade do paciente? Muitas condições patológicas estão relacionadas com a idade.

2.       Qual a ocupação do paciente? Trabalha fazendo força, ou de forma sedentária?

3.       Por que o paciente procurou ajuda? Queixa principal.

4.       Houve algum macrotrauma ou microtrauma? Qual foi o mecanismo da lesão (se há)?

5.       O início do problema foi lento ou súbito?

6.       Em que parte do corpo se localizam os sintomas? Pedir para o paciente apontar. O paciente aponta um local específico, ou uma área mais geral?

7.       Onde se localizava a dor ou outro sintoma quando o paciente o sentiu pela primeira vez? A dor moveu-se ou espalhou-se?

8.       Quais são os movimentos ou atividades que causam dor?

9.       Há quanto tempo existe o problema?

10.   O problema já tinha ocorrido antes?

11.   A intensidade, duração e/ou frequência dos sintomas estão aumentando ou diminuindo?

12.   A dor é constante, periódica, episódica ou ocasional? O paciente está sentindo neste momento?

13.   A dor associa-se com atividade ou repouso? Com certas posturas? Com função visceral?

14.   Que tipo ou qualidade de dor é exibida?

15.   Que tipo de sensações o paciente experimenta, e onde sente as sensações anormais?

16.   Uma articulação exibe travamento (bloqueio), desbloqueio, pontadas, instabilidade ou cede?

17.   O paciente apresenta quaisquer sintomas bilaterais da medula espinal, desmaio ou ataques de queda? A função vesical é normal? Há comprometimento neurológico “em sela” ou vertigem?

18.   Há alterações de cor?

19.   O paciente tem passado por estresses pessoais ou econômicos?

20.   O paciente tem alguma enfermidade sistêmica crônica ou séria que possa influenciar a evolução da patologia ou do tratamento?

21.   Há alguma coisa na história familiar, como tumores, artrite, doença cardíaca, diabetes mellitus ou alergias?

22.   O paciente fez exames radiográficos ou outras técnicas de imagem? Exposição excessiva a raios X deve ser considerada.

23.   O paciente esteve recebendo esteroides?

24.   O paciente esteve recebendo alguma medicação? Incluir formulações vendidas livremente, como analgésicos e pílulas anticoncepcionais.

25.   O paciente tem histórico de cirurgia?

 

A fase de observação deve responder às seguintes perguntas:

1.       Como está o alinhamento corporal?

2.       Há qualquer deformidade óbvia?

3.       Os contornos ósseos do corpo são normais e simétricos, ou há um desvio óbvio?

4.       Os contornos dos tecidos moles (músculos, pele, gordura) são normais e simétricos? Há alguma atrofia muscular óbvia?

5.       As posições dos membros são iguais e simétricas?

6.       Como está a marcha? Há claudicação? De que tipo? O paciente utiliza dispositivo auxiliar de marcha?

7.       O paciente faz uso de órteses e/ou próteses?

8.       A cor e a textura da pele são normais? A aparência da pele difere na área de dor ou sintomas, em comparação com o resto do corpo?

9.       Há quaisquer cicatrizes que indiquem lesão ou cirurgia recente? Se sim, qual a cor da cicatriz? Há formação de queloide?

10.   Há qualquer crepitação, estalos ou sons anormais nas articulações quando o paciente as move?

11.   Há qualquer calor, rubor ou edema? São sinais de inflamação.

12.   Qual a atitude do paciente para com a condição e com o examinador?

13.   Qual a expressão facial do paciente?

14.   O paciente parece disposto a movimentar-se? Os padrões de movimentos são anormais? O paciente tem cinesiofobia?

 

Achados “Bandeiras vermelhas” no histórico do paciente que indicam a necessidade de encaminhamento

Oncológicos

Dor persistente à noite;

Dor constante em qualquer lugar do corpo;

Perda inexplicada de peso;

Perda de apetite;

Nódulos ou tumorações incomuns;

Fadiga injustificada;

Cardiovasculares

Falta de ar;

Tontura;

Dor ou sensação de peso no tórax;

Dor pulsátil em qualquer lugar do corpo;

Dor constante e intensa na perna (panturrilha) ou braço;

Pés com alteração de cor ou dolorosos;

Edema (sem histórico de trauma);

Gastrointestinais/genitourinários

Dor abdominal frequente ou intensa;

Azia ou indigestão frequentes;

Alteração ou problemas com a função vesical;

Irregularidades menstruais incomuns;

Diversos

Febre ou suores noturnos;

Perturbações emocionais graves recentes;

Edema ou rubor em qualquer articulação sem histórico de trauma;

Gravidez;

Neurológicos

Alterações na audição (hiperacusia, hipoacusia);

Cefaléias frequentes ou graves sem histórico de trauma;

Problemas de deglutição ou alterações na fala;

Alterações na visão;

Problemas de equilíbrio, coordenação ou queda;

Desmaios;

Fraqueza súbita;

Fonte: Stith, Sahrmann e Norton (1995)

 

Descrições da dor e estruturas relacionadas

Tipos de dor

Estrutura

Cãibra, indistinta, contínua

Músculo

Aguda, em tiro

Raiz nervosa

Aguda, viva, como um relâmpago

Nervo

Ardente, pressionando, ferroando, contínua

Nervo simpático

Profunda, inoportuna, indistinta

Osso

Nítida, intensa, intolerável

Fratura

Latejante, difusa

Vasculatura

Fonte: Magee, 2002

 

Funcionalmente, a dor pode ser divida em 7 níveis:

  • Nível 1: Dor após atividade específica;
  • Nível 2: Dor após atividade específica que desaparece com o aquecimento;
  • Nível 3: Dor durante e após atividade específica que não afeta o desempenho;
  • Nível 4: Dor durante e após atividade específica que afeta o desempenho;
  • Nível 5: Dor com atividades de vida diária (AVDs);
  • Nível 6: Dor surda constante em repouso que não perturba o sono;
  • Nível 7: Dor surda constante que perturba o sono.

 

Em relação à quanto tempo a dor está presente, é importante determinar se a dor é aguda, subaguda, crônica ou crônica agudizada.

  • Dor aguda: entre 0 e 4 semanas desde o início do sintoma;
  • Dor subaguda: entre 4 e 12 semanas desde o início dos sintomas;
  • Dor crônica: mais de 12 semanas (3 meses) desde o início dos sintomas;
  • Dor crônica agudizada:quando ocorre uma exacerbação aguda da dor crônica já existente. Neste caso, normalmente o tecido acometido foi novamente estressado.

 

Na fase de exame, é importante considerar a classificação da dor em relação ao tempo, para se ter ideia do quão vigorosamente o terapeuta poderá examinar este paciente. Um exame completo pode não ser possível em condições agudas.

 

Miótomos

  •  C1/C2: flexão e extensão cervical;
  • C3: inclinação lateral da cervical;
  • C4: flexão do ombro;
  • C5: abdução do ombro / flexão do cotovelo;
  • C6: extensão do punho;
  • C7: flexão do cotovelo, extensão do punho, extensão de dedos;
  • C8: flexão dos dedos;
  • T1: abdução de dedos;
  • L2: flexão do quadril;
  • L3: extensão do joelho;
  • L4: dorsiflexão do tornozelo;
  • L5: extensão do hálux;
  • S1: plantiflexão do tornozelo, eversão do tornozelo e extensão do quadril;
  • S2: flexão do joelho;
  • S3/S4: contração do esfíncter anal.

 

Dermátomos 

Dermátomos. Fonte: KenHub
  • V1 Nervo oftálmico – Parte superior da face;
  • V2 Nervo maxilar – Parte média da face;
  • V3 Nervo mandibular – Parte inferior da face;
  • C2 – Protuberância occipital;
  • C3 – Fossa supraclavicular;
  • C4 – Articulação acromioclavicular;
  • C5 – Fossa antecubital lateral;
  • C6 - Polegar;
  • C7 – Dedo médio;
  • C8 – Dedo mínimo;
  • T1 – Fossa antecubital medial;
  • T2 – Ápice da axila;
  • L1 – Parte antero-superior da coxa;
  • L2 – Parte anterior média da coxa;
  • L3 – Côndilo femoral medial;
  • L4 – Maléolo medial;
  • L5 – Dorso da terceira articulação metacarpal;
  • S1 – Calcanhar lateral;
  • S2 – Fossa poplítea;
  • S3 – Tuberosidade isquiática;
  • S5 – Área perianal;


 Sinais e sintomas de inflamação:

  • Dor;
  • Aumento de temperatura;
  • Rubor;
  • Edema;
  • Perda de função.

 

Referências:

  • MAGEE, D. J.; Avaliação musculoesquelética; Editora Manole, 1ª edição brasileira - 2002.
  • STITH, J. S.; SAHRMANN, S. A.; DIXON, K. K.; NORTON, B. J.; Curriculum to prepare diagnosticians in physical therapy; J. Phys. Ther. Educ, 9:50, 1995.