quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Avaliação fisioterapêutica

 

 

 

Para completar uma avaliação musculoesquelética de um paciente, é importante realizar um exame sistemático e minucioso. Em uma avaliação completa deve constar:

  • Histórico do paciente;
  • Observação;
  • Exame do movimento;
  • Testes especiais;
  • Reflexos e distribuição cutânea;
  • Movimentos do jogo articular;
  • Palpação;
  • Imageamento diagnóstico e exames complementares.

 Segundo Magee (2002), a avaliação deve responder às seguintes perguntas:

1.       Qual a idade do paciente? Muitas condições patológicas estão relacionadas com a idade.

2.       Qual a ocupação do paciente? Trabalha fazendo força, ou de forma sedentária?

3.       Por que o paciente procurou ajuda? Queixa principal.

4.       Houve algum macrotrauma ou microtrauma? Qual foi o mecanismo da lesão (se há)?

5.       O início do problema foi lento ou súbito?

6.       Em que parte do corpo se localizam os sintomas? Pedir para o paciente apontar. O paciente aponta um local específico, ou uma área mais geral?

7.       Onde se localizava a dor ou outro sintoma quando o paciente o sentiu pela primeira vez? A dor moveu-se ou espalhou-se?

8.       Quais são os movimentos ou atividades que causam dor?

9.       Há quanto tempo existe o problema?

10.   O problema já tinha ocorrido antes?

11.   A intensidade, duração e/ou frequência dos sintomas estão aumentando ou diminuindo?

12.   A dor é constante, periódica, episódica ou ocasional? O paciente está sentindo neste momento?

13.   A dor associa-se com atividade ou repouso? Com certas posturas? Com função visceral?

14.   Que tipo ou qualidade de dor é exibida?

15.   Que tipo de sensações o paciente experimenta, e onde sente as sensações anormais?

16.   Uma articulação exibe travamento (bloqueio), desbloqueio, pontadas, instabilidade ou cede?

17.   O paciente apresenta quaisquer sintomas bilaterais da medula espinal, desmaio ou ataques de queda? A função vesical é normal? Há comprometimento neurológico “em sela” ou vertigem?

18.   Há alterações de cor?

19.   O paciente tem passado por estresses pessoais ou econômicos?

20.   O paciente tem alguma enfermidade sistêmica crônica ou séria que possa influenciar a evolução da patologia ou do tratamento?

21.   Há alguma coisa na história familiar, como tumores, artrite, doença cardíaca, diabetes mellitus ou alergias?

22.   O paciente fez exames radiográficos ou outras técnicas de imagem? Exposição excessiva a raios X deve ser considerada.

23.   O paciente esteve recebendo esteroides?

24.   O paciente esteve recebendo alguma medicação? Incluir formulações vendidas livremente, como analgésicos e pílulas anticoncepcionais.

25.   O paciente tem histórico de cirurgia?

 

A fase de observação deve responder às seguintes perguntas:

1.       Como está o alinhamento corporal?

2.       Há qualquer deformidade óbvia?

3.       Os contornos ósseos do corpo são normais e simétricos, ou há um desvio óbvio?

4.       Os contornos dos tecidos moles (músculos, pele, gordura) são normais e simétricos? Há alguma atrofia muscular óbvia?

5.       As posições dos membros são iguais e simétricas?

6.       Como está a marcha? Há claudicação? De que tipo? O paciente utiliza dispositivo auxiliar de marcha?

7.       O paciente faz uso de órteses e/ou próteses?

8.       A cor e a textura da pele são normais? A aparência da pele difere na área de dor ou sintomas, em comparação com o resto do corpo?

9.       Há quaisquer cicatrizes que indiquem lesão ou cirurgia recente? Se sim, qual a cor da cicatriz? Há formação de queloide?

10.   Há qualquer crepitação, estalos ou sons anormais nas articulações quando o paciente as move?

11.   Há qualquer calor, rubor ou edema? São sinais de inflamação.

12.   Qual a atitude do paciente para com a condição e com o examinador?

13.   Qual a expressão facial do paciente?

14.   O paciente parece disposto a movimentar-se? Os padrões de movimentos são anormais? O paciente tem cinesiofobia?

 

Achados “Bandeiras vermelhas” no histórico do paciente que indicam a necessidade de encaminhamento

Oncológicos

Dor persistente à noite;

Dor constante em qualquer lugar do corpo;

Perda inexplicada de peso;

Perda de apetite;

Nódulos ou tumorações incomuns;

Fadiga injustificada;

Cardiovasculares

Falta de ar;

Tontura;

Dor ou sensação de peso no tórax;

Dor pulsátil em qualquer lugar do corpo;

Dor constante e intensa na perna (panturrilha) ou braço;

Pés com alteração de cor ou dolorosos;

Edema (sem histórico de trauma);

Gastrointestinais/genitourinários

Dor abdominal frequente ou intensa;

Azia ou indigestão frequentes;

Alteração ou problemas com a função vesical;

Irregularidades menstruais incomuns;

Diversos

Febre ou suores noturnos;

Perturbações emocionais graves recentes;

Edema ou rubor em qualquer articulação sem histórico de trauma;

Gravidez;

Neurológicos

Alterações na audição (hiperacusia, hipoacusia);

Cefaléias frequentes ou graves sem histórico de trauma;

Problemas de deglutição ou alterações na fala;

Alterações na visão;

Problemas de equilíbrio, coordenação ou queda;

Desmaios;

Fraqueza súbita;

Fonte: Stith, Sahrmann e Norton (1995)

 

Descrições da dor e estruturas relacionadas

Tipos de dor

Estrutura

Cãibra, indistinta, contínua

Músculo

Aguda, em tiro

Raiz nervosa

Aguda, viva, como um relâmpago

Nervo

Ardente, pressionando, ferroando, contínua

Nervo simpático

Profunda, inoportuna, indistinta

Osso

Nítida, intensa, intolerável

Fratura

Latejante, difusa

Vasculatura

Fonte: Magee, 2002

 

Funcionalmente, a dor pode ser divida em 7 níveis:

  • Nível 1: Dor após atividade específica;
  • Nível 2: Dor após atividade específica que desaparece com o aquecimento;
  • Nível 3: Dor durante e após atividade específica que não afeta o desempenho;
  • Nível 4: Dor durante e após atividade específica que afeta o desempenho;
  • Nível 5: Dor com atividades de vida diária (AVDs);
  • Nível 6: Dor surda constante em repouso que não perturba o sono;
  • Nível 7: Dor surda constante que perturba o sono.

 

Em relação à quanto tempo a dor está presente, é importante determinar se a dor é aguda, subaguda, crônica ou crônica agudizada.

  • Dor aguda: entre 0 e 4 semanas desde o início do sintoma;
  • Dor subaguda: entre 4 e 12 semanas desde o início dos sintomas;
  • Dor crônica: mais de 12 semanas (3 meses) desde o início dos sintomas;
  • Dor crônica agudizada:quando ocorre uma exacerbação aguda da dor crônica já existente. Neste caso, normalmente o tecido acometido foi novamente estressado.

 

Na fase de exame, é importante considerar a classificação da dor em relação ao tempo, para se ter ideia do quão vigorosamente o terapeuta poderá examinar este paciente. Um exame completo pode não ser possível em condições agudas.

 

Miótomos

  •  C1/C2: flexão e extensão cervical;
  • C3: inclinação lateral da cervical;
  • C4: flexão do ombro;
  • C5: abdução do ombro / flexão do cotovelo;
  • C6: extensão do punho;
  • C7: flexão do cotovelo, extensão do punho, extensão de dedos;
  • C8: flexão dos dedos;
  • T1: abdução de dedos;
  • L2: flexão do quadril;
  • L3: extensão do joelho;
  • L4: dorsiflexão do tornozelo;
  • L5: extensão do hálux;
  • S1: plantiflexão do tornozelo, eversão do tornozelo e extensão do quadril;
  • S2: flexão do joelho;
  • S3/S4: contração do esfíncter anal.

 

Dermátomos 

Dermátomos. Fonte: KenHub
  • V1 Nervo oftálmico – Parte superior da face;
  • V2 Nervo maxilar – Parte média da face;
  • V3 Nervo mandibular – Parte inferior da face;
  • C2 – Protuberância occipital;
  • C3 – Fossa supraclavicular;
  • C4 – Articulação acromioclavicular;
  • C5 – Fossa antecubital lateral;
  • C6 - Polegar;
  • C7 – Dedo médio;
  • C8 – Dedo mínimo;
  • T1 – Fossa antecubital medial;
  • T2 – Ápice da axila;
  • L1 – Parte antero-superior da coxa;
  • L2 – Parte anterior média da coxa;
  • L3 – Côndilo femoral medial;
  • L4 – Maléolo medial;
  • L5 – Dorso da terceira articulação metacarpal;
  • S1 – Calcanhar lateral;
  • S2 – Fossa poplítea;
  • S3 – Tuberosidade isquiática;
  • S5 – Área perianal;


 Sinais e sintomas de inflamação:

  • Dor;
  • Aumento de temperatura;
  • Rubor;
  • Edema;
  • Perda de função.

 

Referências:

  • MAGEE, D. J.; Avaliação musculoesquelética; Editora Manole, 1ª edição brasileira - 2002.
  • STITH, J. S.; SAHRMANN, S. A.; DIXON, K. K.; NORTON, B. J.; Curriculum to prepare diagnosticians in physical therapy; J. Phys. Ther. Educ, 9:50, 1995.